O QUE É?

Ocorre principalmente em homens geneticamente predispostos aos efeitos dos andrógenos sobre os cabelos do couro cabeludo. Na mulher é menos frequente, e com padrão morfotopográfico diferente do homem, em especial na pós-menopausa. Admite-se herança autossômica dominante, com fortes evidências de ligação no locus 3q26 do cromossomo X, com penetrâncias e expressividades variáveis. É caracterizada por perda visível dos cabelos do couro cabeludo causada pela progressiva miniaturização dos folículos pilosos, onde um folículo terminal é transformado em um folículo do tipo vellus. Esta condição não surge em homens com deficiência genética da enzima 5-alfa-redutase tipo II, a qual converte a testosterona em diidrotestosterona (DHT).
A DHT liga-se a receptores androgênicos nos folículos levando a uma diminuição da fase anágena com conseqüente aumento dos cabelos telógenos, que pode ser detectada no tricograma. Assim, à medida que a alopecia androgenética progride, a fase anágena diminui com a fase telógena constante. Como resultado, mais cabelos estão na fase telógena,e o paciente pode notar um aumento na queda de cabelos. No homem, este evento ocorre partindo das áreas frontoparietais (entradas) e/ou independentemente no vértex (“coroa de frade”), alguns casos podem evoluir para uma alopecia totalis (hipocrática) ou resistir cabelos absolutamente normais nas áreas occipital e temporal, talvez pela ausência ou diminuição de receptores androgênicos nos folículos desta região.

Ver figura ilustrativa da evolução da calvície pela classificação de Hamilton, que posteriormente foi ampliada por Norwood.

 

Tipos de alopecia androgenética na classificação de Hamilton
 
Alopecia androgenética. Graus de Ludwig, mais tipicamente vistos em mulheres.


Na mulher, o padrão é uma alopecia difusa, parcial e discreta, nas regiões fronto-parietais, sem formar áreas de calvície. A alopecia androgenética é uma doença extremamente comum que afeta cerca de 50% dos homens e, muitas mulheres com mais de 40 anos. Cerca de 13% das mulheres pré-menopáusicas alegam ter alguma evidência de alopecia androgenética. No entanto, a incidência de alopecia androgenética aumenta muito em mulheres após a menopausa, podendo afetar 75% das mulheres com mais de 65 anos. Em 50% dos casos, observam-se níveis elevados de testosterona. Já no homem, os níveis de andrógenos são normais. A alopecia androgenética afeta até 80% dos homens aos 80 anos de vida. A progressão da alopecia pode ser lenta ou rápida, sendo geralmente mais intensa quanto mais cedo se iniciar. Homens com alopecia androgenética podem ter um aumento da incidência de infarto do miocárdio, hipertensão e hipertrofia prostática benigna.
Lembrar que o eflúvio telógeno e o hábito de fumar podem acelerar a alopecia androgenética. A deficiência de ferro é uma causa comum e reversível de eflúvio telógeno. Um hemograma completo normal não exclui uma deficiência de ferro como causa de perda de cabelo. Já um baixo nível de ferritina é sempre um sinal de deficiência de ferro. A ferritina se comporta como um reagente de fase aguda e seus níveis podem ser normais apesar da deficiência de ferro. Ferro, a capacidade de ligação do ferro total e a saturação da transferrina são testes baratos e sensíveis para quantificar a deficiência de ferro.

TRATAMENTO

Apenas dois fármacos atualmente são aprovados nos EUA pelo Food and Drug Administration (FDA): minoxidil finasterida.

•    Minoxidil: embora o método de ação seja essencialmente desconhecido, o minoxidil parece prolongar a duração da fase anágena e aumentar o suprimento de sangue para o folículo. A repilação é mais pronunciada no vértex do que nas áreas frontais e não é observada por pelo menos 4 meses. É necessário o tratamento tópico indefinidamente com a droga porque a interrupção do tratamento produz uma rápida reversão ao padrão de calvície pré-tratamento. Os pacientes que respondem melhor a este medicamento são aqueles que têm um início recente da alopecia androgenética e pequenas áreas de perda de cabelo. O medicamento é comercializado como 2% ou uma solução a 5% que é um pouco mais eficaz. Um estudo de 48 semanas, em homens mostrou repilação 45% maior com 5% em comparação com a solução de 2%. Em geral, as mulheres respondem melhor ao minoxidil tópico que os homens. O aumento da eficácia da solução a 5% não foi mais evidente para as mulheres nos estudos controlados pela FDA. Além disso, a ocorrência de crescimento de pelos faciais parece ser aumentada com o uso da formulação de maior concentração. 

•    Finasterida: a finasterida, administrada por via oral, é um inibidor da 5-alfa redutase II. Não é um anti-andrógeno. Tanto a finasterida como a dutasterida são inibidores competitivos da enzima 5-alfa-redutase II. Sua ação não reduz o nível de testosterona circulante, mas sim o DHT intracelular. A repilação é mais evidente no vértex que na região frontal. Finasterida deve ser usada indefinidamente, pois sua interrupção leva à uma progressão gradual da doença. Um estudo recente mostrou que 5 mg/dia de finasterida pode ser efetiva e segura para a alopecia androgenética feminina em mulheres com os androgênios normais. Outras drogas  em mulheres com alopecia androgenética, especialmente aquelas com um componente de hiperandrogenismo, drogas que atuam como inibidores ou antagonistas de andrógeno (por exemplo, espironolactona, contraceptivos orais) podem ser benéficas. Existe evidência de associação entre alopecia androgenética, hipertensão arterial e hiperaldosteronismo. A espironolactona pode desempenhar um duplo papel no tratamento. Dutasterida é um outro tratamento possível para alopecia androgenética. Esta droga inibe tanto a 5-a-redutase tipo I como o tipo II e é considerada três vezes mais potente que a finasterida para inibir a enzima do tipo II e 100 vezes mais potente em inibir a enzima do tipo I.  

•    Os antiandrógenos como a espironolactona mostra algum efeito por via sistêmica para as mulheres. 

•    Microinfusão de Medicação Percutânea (MMP): Mesclas de substâncias para queda de cabelo são usadas, como fator de crescimento, minoxidil, finasterida e vitaminas, que por essa via de administração de medicamento se torna mais efetiva. 

•    Porém, o tratamento mais eficaz é o transplante de cabelo que apresenta resultados melhores e definitivos. A principal técnica é baseada na colocação de microenxertos, com 1 a 3 fios, na região frontal e macroenxertos nas demais regiões.  Ou com a técnica FUE (Follicular Unit Extraction), é possível colocar um grande número de enxertos por cm² em uma única sessão, e se ainda não for suficiente, pode ser feito transplantes sequenciais com intervalos de 24 horas, aprimorando ainda mais o resultado. A restauração capilar completa se dá em 1 ano a 1 ano e meio, sem contar que não há estigma para o paciente. Transplante tem sua melhor indicação em indivíduos jovens.

A alopecia androgenética é muito comum e, portanto, não surpreendentemente, ela pode acompanhar outras formas de perda de cabelo. Os casos de eflúvio telógeno ocorrem frequentemente em doentes com alopecia androgenética. Portanto, a busca de causas tratáveis de eflúvio telógeno (anemia, por exemplo, hipotireoidismo), especialmente em pacientes com um início abrupto ou uma rápida progressão de sua doença, é indicada.