O QUE É?

A acne é uma doença de pele bastante frequente, que acomete a maior parte dos adolescentes, porém não se restringe a eles. É bastante comum em adultos, principalmente nas mulheres.

A adolescência é um período de muitas mudanças no organismo, tanto do ponto de vista físico como psíquico. É também uma das fases da vida em que a aparência é muito importante, ou seja, o comprometimento estético determinado por alterações da pele pode tornar o adolescente inseguro, tímido, deprimido, infeliz, com rebaixamento da autoestima e com consequências sérias que podem persistir pelo resto da vida.

As principais modificações que ocorrem na pele e nos cabelos estão relacionadas à atividade hormonal que se inicia nessa fase. São os hormônios sexuais, que começam a serem produzidos na puberdade, os principais responsáveis pelas alterações das características da pele, assim como pelo desencadeamento da acne (pele oleosa, cravos, espinhas, nódulos, cicatrizes). Acomete com maior frequência a face, mas também podem ocorrer nas costas, ombros e peito. Esses hormônios são chamados andrógenos e estrógenos e são produzidos tanto pelos ovários (mulher) e testículos (homem) como pelas glândulas supra-renais (duas pequenas glândulas situadas sobre os rins) em ambos os sexos. A produção dos andrógenos é maior nos homens e a dos estrógenos é maior nas mulheres. São os andrógenos os responsáveis pelo início do funcionamento das chamadas glândulas sebáceas que são mais ativas na face, peito, costas e couro cabeludo. Essas glândulas estão presentes desde o nascimento, mas são inativas até a puberdade, época em que, em pessoas com predisposição genética, desencadeia mudanças relacionadas ao conteúdo de gordura (secreção sebácea) da pele e do couro cabeludo.

Graus de acne: 

•    Acne Grau I: apenas cravos, sem lesões inflamatórias (espinhas).
•    Acne Grau II: cravos e “espinhas” pequenas, como pequenas lesões inflamadas e pontos amarelos de pus (pústulas).
•    Acne Grau III: cravos, “espinhas” pequenas e lesões maiores, mais profundas, dolorosas, avermelhadas e bem inflamadas (cistos).
•    Acne Grau IV: cravos, “espinhas” pequenas e grandes lesões císticas, comunicantes (acne conglobata), com muita inflamação e aspecto desfigurante.
•    Acne Grau V ou acne fulminans: Surgimento de lesões graves, com cistos dolorosos que ulceram deixando cicatrizes. Sintomas como febre, mal estar e dor no corpo. Dos graus de acne é o mais raro e mais comum no sexo masculino.


A acne deve ser tratada o mais precocemente possível. Não se deve tomar mais a postura de não se preocupar e não tratar a acne por ser considerada “própria da idade”, “de desaparecimento espontâneo com o tempo” ou “de não ser doença”. O controle dessa doença é recomendável não só por razões estéticas (melhora da aparência geral), como também para preservar a saúde da pele e a saúde psíquica, além de prevenir cicatrizes (marcas da acne) tão difíceis de corrigir na idade adulta.

Ressalta-se, a seguir, uma série de noções e recomendações essenciais para o controle da acne:
 
1.    pode ocorrer piora relacionada ao estresse, período menstrual, certos medicamentos como os corticoides, exposição exagerada ao sol, contato com óleos, graxas ou produtos gordurosos, época do ano (pode piorar no inverno) e, principalmente, ao hábito de mexer nas lesões (“espremer cravos e espinhas”).
2.    a acne não é contagiosa e não se relaciona à “sujeira” da pele ou do sangue.
3.    o bom cuidado começa com higiene adequada da pele com um sabonete ou produto de limpeza indicado. A limpeza excessiva é prejudicial à pele como um todo (irrita a pele) e pode piorar a acne.
4.    Estudos científicos recentes demonstraram que a acne tem relação ingestão excessiva de açucares, carboidratos e lactose, variando individualmente de paciente para paciente a gravidade da acne e quantidade de ingestão destes.
5.    a acne pode melhorar após a exposição ao sol, porém essa melhora é apenas temporária e a exposição exagerada acarreta piora do quadro. As pessoas com acne, como todos, devem se expor ao sol de maneira cuidadosa, racional e orientada.
6.    a acne é uma doença que tem tratamento e que pode ser curada ou controlada. Isso leva tempo e não acontece da noite para o dia. O tratamento vai variar de acordo com a sua gravidade e localização e em função de características individuais.
7.    há opções tanto de tratamento local, quanto por via oral ou combinação de ambos.
8.    o procedimento denominado limpeza de pele, quando bem indicado pelo dermatologista e bem executado por esteticista treinado, pode ser um ótimo complemento do tratamento de algumas formas de acne. Mas nunca a limpeza de pele feita, às vezes, por leigos, pode ser considerada uma forma de tratar a acne, mesmo leve. Da mesma forma, os chamados “peelings” ou esfoliações químicas podem ser úteis como coadjuvantes ao tratamento. Procure o seu dermatologista.
9.    o portador de acne não deve em nenhuma hipótese manipular (“cutucar, espremer”) as lesões, pois isso pode levar à infecção, inflamação e cicatrizes.
10.    é importante compreender como fazer o tratamento e criar uma rotina para que ele seja realizado com facilidade e possa levar aos resultados desejados.
11.    vale lembrar que a melhor forma de se evitar as cicatrizes da acne é o seu tratamento adequado e o mais precoce possível.


TRATAMENTO

Em formas leves o tratamento pode ser apenas local, com inúmeros produtos existentes no mercado isolados ou combinados. Quando o quadro não evolui bem, associa-se o tratamento por via oral, utilizando-se antibióticos específicos. O tratamento hormonal, com anticoncepcionais orais, é sempre útil para as mulheres, desde que não existam contraindicações. Há também a opção de uso de Espironolactona que é um diurético que tem efeito antiandrogênito muito utilizado para acne da mulher adulta. Quando não há uma boa resposta aos tratamentos anteriores e se percebe uma tendência para cicatrizes ou um importante impacto negativo na qualidade de vida, deve ser indicado a isotretinoína oral o mais precocemente possível e desde que não existam contraindicações, mesmo em casos moderados. Contudo, esta droga é absolutamente contraindicada quando há possibilidade de gravidez, porque pode causar danos graves ao feto. Os efeitos colaterais mais comuns são os que acontecem na pele e mucosas (ressecamento dos lábios, nariz, olhos, pele do corpo),  pode ter aumento do colesterol, triglicerídeos e enzimas hepáticas. Portanto, são necessários exames de sangue antes e durante o tratamento. É obrigatório afastar gravidez com um teste, aguardar a menstruação para iniciar o tratamento e se assegurar sobre uso de métodos anticoncepcionais iniciados um mês antes, durante todo o tratamento e por um período de um mês após a suspensão da droga. Não existem riscos para gestações no futuro.

Vale lembrar que a isotretinoína oral foi aprovada para o tratamento da acne nos anos 1970 na Europa, em 1980 nos Estados Unidos, e 1990 no Brasil, e desde então, nunca foi retirada do mercado por ocorrência de efeitos colaterais graves em larga escala, como já aconteceu para tantos outros produtos. Assim, a experiência mundial, de aproximadamente 40 anos desde a sua introdução, é de que é uma droga segura e altamente eficaz, ou seja, droga de escolha para casos resistentes às outras formas de tratamento.

Os procedimentos complementares que ajudam no controle da acne são: extração de “cravos”, drenagem de abscessos, infiltração intralesional com corticoides em lesões nodulares muito inflamadas ou em cicatrizes elevadas, peelings químicos, dermabrasão, subincisão e alguns tipos de lasers. Orientação para não manipular as lesões e proteção solar, são ações coadjuvantes importantes durante o tratamento.